sexta-feira, 2 de novembro de 2007

Poema : Cidade Parada ( Prof: Hermano Filho)


Cidade Parada


Numa área de metros quadrado
Com muros brancos nos quatro lados
Foi construída uma cidade parada...

Um portão muito grande na entrada
Árvores secas plantas descuidadas
É uma cidade suja pelo pó das calçadas...

Como uma deusa esquecida
Sem a mais remota esperança
Entre pedras fuscas e cruzes brancas...

Restam apenas retratos e frases pintadas
Preservando no silêncio das lápides
Sorrisos amarelados de rostos
Que em vida ignoravam desconhecida sorte.

Hoje estão na cidade parada
Sem sonhos e suspiros sem nenhum gosto
Sem a vida presente deixaram tudo
Não têem profissão não falam de ninguém
Nem do amigo nem do inimigo
Permanecem nos labirintos
Escuros tristes e melancólicos
Sem saberem que estão parados
No abismo de uma cidade parada.



Muitas pessoas atravessam a entrada franca
Ficam transfiguradas aos pés dos túmulos brancos
Cheias de silêncio contemplam e meditam...

Que há campos verdejantes
Festas várias abundantes...

Mas alguns dos seus estão ali
Dormindo sob uma pedra fria e imóvel
Mesmo assim continuam vivos
Nos pensamentos de cada um
Em sonho vão respondendo
Ao que eles dizem em outra língua
Em meditação suas almas gritam
Que lhes amam muito além da vida...

Lembram e relembram os eternos dias
Que juntos trilharam na mesma caminhada
Sempre vendo entre as rugas de suas frontes
O desejo lindo de um novo horizonte
Mas resolutas aceitam o findar da jornada
Dos que estão no silêncio da cidade parada
Lembrando que suas almas estão mais vivas

E repousam tranqüilas
Muito além dos homens
E de suas fantasias...

(Poeta Hermano Filho)
(Sena Madureira - Acre)


Um comentário:

Sâmyk Farias disse...

Muito bom esse poema, ótimo, entre essas letras, linhas, informam a verdadeira identidade do semitério, o que é a melancolia dele. parabéns Profº. Hermano